Não há como ter unção e vida na igreja sem oração, sem uma cultura de oração. Ela pode ser em pequenos grupos, em turnos, nas casas ou em salas de oração. Não existe um formato único para a oração, mas o importante é que seja coletiva e perseverante. Uma reunião semanal é boa, mas não vai surtir muito efeito. São necessárias horas de oração, e o efeito cumulativo vai crescendo à medida que os meses e os anos passam e essa oração não cessa.
Quando vou a Nova York, costumo visitar a Brooklyn Tabernacle que funciona num antigo teatro com capacidade para mais de três mil pessoas. Sempre é uma experiência marcante. Aos domingos, tem reunião em três horários (9h, 11h e 13h). Se você chegar às 8h15 já encontrará o lugar praticamente lotado de pessoas alegres, esfuziantes e acolhedoras. As recepcionistas são de maioria negra, e o maravilhoso coral (The Brooklyn Choir) com duzentas vozes é de muitas nacionalidades. A energia que sai pelas portas desse lugar é algo impressionante. A regente do coral (esposa do pastor), apesar de não ser formada em música, foi quem criou esse coral, hoje mundialmente conhecido. Você não sabe quem canta melhor, se é o coral ou a congregação; e quando alguém levanta a voz em profecia todos conseguem escutar. O Espírito Santo é palpável, você sente a sua presença. Na época de Natal, a igreja faz uma obra social buscando as pessoas pobres em ônibus e as levando para assistir a peças natalinas e ganhar presentes. A palavra ministrada é uma palavra de Deus muito forte. Ao sair da reunião, você pode ver do lado de fora uma fila em volta do quarteirão com pessoas desejando achar um lugar bom para sentar, para a reunião seguinte. Porém, nem sempre foi assim. No começo era apenas um “punhadinho de gente” sem chance e sem futuro. O que mudou? A oração. Hoje eles têm uma reunião de oração nas terças-feiras à noite que é uma coisa impressionante; você sente no ambiente a presença de anjos.
Quando tem oração, muita oração, o ambiente da igreja e das reuniões é outro. Nós precisamos entender isso! A oração é cumulativa, mexe com os céus e muda o ambiente da igreja. Em Jundiaí, temos experimentado essa mudança. Antes não conseguíamos ouvir a congregação cantar, mas hoje ouvimos. A igreja mudou muito, mas não tanto quanto nós ainda queremos ver; essas são apenas gotinhas da chuva que esperamos. Quando o ambiente da igreja muda, o Espírito Santo se faz presente, e os dons, as profecias e os cânticos espirituais começam a fluir, mudando o rumo da reunião. É impressionante! Quando isso acontece, as pessoas começam a ser atraídas para a igreja e os assentos na fileira da frente, que antes eram vazios, ficam ocupados. Não é isso que queremos em nossas igrejas? E o que produz essa atmosfera? A Presença! Os incentivos para a congregação cantar mais forte, por exemplo, não são mais necessários porque o Espírito Santo está presente, e em todos há expectativa e desejo de adorar a Deus.
Oração é um valor que nós não negociamos. Se um dos nossos valores é avivamento, como podemos prosseguir sem oração? Cada igreja local precisa descobrir a maneira de agir. Em Jundiaí, por exemplo, faz muitos anos que temos uma corrente de oração de 24 horas, uma vez por mês, e de 80 a 120 pessoas participam em horários de sua escolha. Além disso, temos oração, com poucas pessoas, de madrugada (das 5h30 às 7h) e todas as tardes, de segunda à sexta-feira (das 18h às 19h30). O importante nessas programações é que a liderança passe para a igreja que oração não é uma opção para algumas pessoas especializadas. Oração é o alvo principal da igreja! Jesus disse: “A minha casa será chamada casa de oração”. Oração é a atividade central da igreja. Ela tem o privilégio de entrar na Sala do Trono da maior autoridade do universo e influenciar os acontecimentos do mundo. Isso é um direito seu e, na verdade, Deus vai ouvir mais a voz da igreja do que a voz dos ministérios. Foi a rainha Ester que mexeu com o coração do rei, mas, para ela conseguir isso, Mordecai teve de exortá-la e acordá-la do comodismo. A igreja, muitas vezes, está despercebida e precisa do ministério do profeta para acordá-la, mas é ela que consegue mexer com o coração de Deus.
Por muito tempo, ficávamos frustrados tentando impor aos irmãos um nível de oração que fosse semelhante ao ministério ao Senhor. Mas, agora, não nos preocupamos mais com isso. Entendemos que o ministério ao Senhor é para outro tipo de ambiente. Em nossas orações pela madrugada, há bastante tempo (uma hora e meia) para orar. Seja o que for que alguém estiver orando, sabemos que ele está falando com Deus, pois estamos na Sala do Trono. Sugiro a você que fique atento porque, às vezes, pode parecer que não está acontecendo nada, mas, quando você menos espera, pode ouvir uma palavra vinda de Deus para o seu coração usando as palavras que um irmão simples esteja orando ao seu lado. No ambiente de oração, podemos receber uma palavra de direção ou ter uma visão mesmo quando alguém está orando pela tia que se encontra no hospital ou qualquer outra coisa.
Há momentos na oração em que alguns irmãos ficam muito tempo calados, só escutando a oração dos outros. Podemos chamar isso de escola de oração, onde eles estão aprendendo a orar. Eles começam a ouvir de Deus através da oração do outro. Deus, às vezes, nos fala até por meio de um novo convertido, porque ele não tem problema em usar qualquer pessoa. Precisamos abrir mão do nosso egoísmo espiritual de achar que a “minha” oração é mais importante do que a do outro. Oração que não presta atenção quando o outro está orando é melhor fazer em casa, fechado em seu quarto, a sós com o seu Pai. A oração da igreja é oração que escuta e concorda com o que o outro está orando. E isso é muito difícil. É por isso que a disciplina da oração é tão pesada. O ser humano não gosta muito de ficar ouvindo o outro. Ouvir o outro é um exercício para vencer o egoísmo. Nunca desanime. Nunca desista. Quando a mente divagar, não hesite em trazê-la de volta! Persevere! Continue orando porque você é um garimpeiro. Um dia, depois de anos cavando e peneirando cascalho, vai achar ouro.
Lembre-se! Oração que é início de avivamento contagia. Se não for contagiosa é porque falta unção. Comentar com a igreja sobre a reunião de oração, sobre como se teve a oportunidade de chegar diante do Trono de Deus, torna-se um incentivo para muitos começarem a participar. Incentivar é bom, mas nunca coloque jugo sobre as pessoas dizendo que estão erradas em não comparecer às reuniões de oração. Elas não devem ir com senso de obrigação ou de culpa. Elas devem comparecer por sentir-se atraídas; porque Deus está operando no coração de cada uma por meio de suas orações. É importante que pelo menos dois ou três tenham um compromisso sério de nunca faltar à oração, a não ser por algum motivo sério. Se houver sempre um núcleo fiel ali, outras pessoas começarão a vir espontaneamente.
À medida que a unção aumenta, duas coisas acontecem: os demônios se manifestam e o povo de Deus começa a orar. Quando você vê pessoas que não oravam começando a orar, pode estar certo de que o Espírito Santo está operando, pois o homem não ora sem que Deus o chame. Se ele levanta de madrugada para orar, deve ser obra de Deus e também um sinal de que o avivamento está chegando. Quando isso acontece, o ambiente da reunião geral começa a ficar elétrica com a presença de Deus. Onde Jesus está, até o deserto fica cheio de gente. Espero que nenhum de nós, das igrejas associadas do Tikkun Brasil, pense que terá uma igreja que vale alguma coisa sem que haja muita oração. Esqueçamos todas as outras coisas, mas nos lembremos de que, sem oração, não temos nada. “A minha casa será chamada casa de oração”, disse Jesus.
A oração nunca se perde porque ela é conservada e acumulada por Deus num receptáculo. Quando toco nesse assunto, gosto de falar sobre Zacarias. O anjo chegou e disse-lhe: “A tua oração foi ouvida” (Lc 1.13). Ele deve ter pensado: “Qual delas?”. A oração respondida era a de que ele teria um filho. Ora, ele já não devia estar orando mais sobre isso há uns 20 anos, porque, se estivesse, não teria sido tão incrédulo diante das palavras do anjo. Afinal, Isabel havia sido estéril a vida toda e agora ele e a esposa estavam com idade avançada. Então, a oração não se perde, ela é conservada. Você pode até esquecer-se das orações que fez, mas Deus não as esquece. Por isso, vamos encher as taças do céu (Ap 5.8) com nossas orações porque estamos precisando de chuva; vamos fazer subir o vapor para que vire nuvens, a chuva desça e alguma coisa comece a acontecer em nossa vida.